Com menor salário do Brasil, PMs ameaçam revolta no RS


 

De um lado, policiais da Brigada Militar (BM) queimam pneus, bloqueiam rodovias e pressionam por aumento salarial no Rio Grande do Sul. De outro, o governador do Estado, Tarso Genro (PT), afirma que a proposta não será apresentada enquanto houver protestos. Nesta quinta-feira, às 10h30, uma reunião entre governo e manifestantes tentará solucionar um impasse incômodo à cúpula da segurança gaúcha. Conforme o presidente da Associação de Cabos e Soldados da BM, Leonel Lucas, se o aumento pretendido pela categoria não for assegurado, os protestos fugirão do controle.


"Estamos preocupados com a situação. Caso o governador não garanta o aumento, poderá acontecer uma revolta maior. Espero que ele venha com uma boa proposta, pois durante a campanha eleitoral nos foi prometido um salário de R$ 3,2 mil até 2014", disse Lucas. Um PM gaúcho recebe hoje R$ 1.170, o menor piso do País. A categoria quer reajuste escalonado, mas até o momento recebeu a oferta de apenas 4%. "Isso nós não aceitamos", afirmou o presidente da associação.

O chefe da Casa Civil gaúcha, Carlos Pestana, garantiu que haverá negociação mas ressaltou que definir uma proposta em meuio a protestos poderia representar "um incentivo a prática". "Não queremos passar a ideia de que esse tipo de protesto serve de elemento para definir o reajuste salarial. Do ponto de vista do governo, esse tipo de ação não ajuda. Acaba tirando legitimidade", avaliou.

Na madrugada desta quarta-feira, um grupo de policiais levou cartazes e queimou pneus nas BRs 386 (Canoas), 471 (Santa Vitória do Palmar) e 290 (Alegrete), exigindo o aumento. Na segunda-feira, os manifestantes já haviam queimado pneus em outros atos. Eles descumpriram um acordo feito com o governo na semana passada, em que ficou definida a suspensão dos protestos por cinco dias, começando pela última sexta-feira. A associação não soube dizer quem foram os responsáveis pelas novas manifestações.

Desde o início do mês, protestos semelhantes têm sido registrados em várias rodovias gaúchas, como as BRs 153 (Concórdia), 116 (Novo Hamburgo) e ERS-344 (Santa Rosa-Giruá). O governador Tarso Genro afirmou que, enquanto as manifestações continuarem, não há negociação. "Elas são justas, mas viemos alertando para que os policiais não percam o controle. A nossa proposta está pronta, só que enquanto continuar a queima de pneus, não vamos apresentá-la", ressaltou o governador, através de sua assessoria.


"Proposta beira o rídiculo"

O deputado Edson Brum (PMDB), que defendeu os PMs ontem na tribuna da Assembleia Legislativa, criticou Tarso Genro, dizendo que ele foi o responsável por criar uma crise de segurança ao oferecer uma proposta que "beira o ridículo". "Ele cometeu um estelionato eleitoral ao prometer salários acima de R$ 3 mil para a categoria. Oferecer 4% chega a beirar o ridículo. O governador deveria economizar em algumas pontas e ser mais justo, transferindo os aumentos dos cargos em comissão (CCs) para os policiais", disse o deputado.

"Os policiais já receberem quase 7% neste ano e deverão ser contemplados por mais duas parcelas até o fim do ano. Uma delas seria esta de 4% neste momento. Desconheço um governo que neste período tenha dado um percentual deste nível. O deputado (Brum) já participou de outros governos e sabemos que as reividincações não foram atendidas", argumentou Pestana.
A reunião entre a cúpula da segurança e a Brigada Militar ocorrerá na Casa Civil, que salientou que "a categoria tem todo o direito de se manifestar, mas o governo não concorda com a queima de pneus".

Fonte:
Terra

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