OS QUE LUTAM POR SALÁRIOS JUSTOS VÃO SER PUNIDOS. OS DE COLARINHO BRANCO NÃO


“Essa crise foi sendo construída e alimentada no Congresso Nacional, com a criação da PEC 300, um projeto de emenda de caráter populista”. A frase, que bem resume a situação em que o parlamento brasileiro jogou as forças policiais do país contra os governos estaduais e a população, é da antropóloga Jaqueline Muniz, conselheira do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Ela se refere, é claro, à esculhambação que se instalou no país, até o final de semana passado. Poderia acrescentar que outra ação do Congresso, a que anistiou os baderneiros de 2010, foi outro passo decisivo para o atual estado de coisas. Quando aprovaram, por unanimidade e em primeira votação a PEC 300, que equipara os salários dos PMs e Bombeiros aos maiores ganhos do país, os parlamentares fizeram de conta que não sabiam que, se implantada, a lei levaria os Estados brasileiros à bancarrota. Votaram a PEC 300 antes da eleição passada, todos de olho nos votos dos profissionais da área e seus familiares, mas cometeram a maldade, comum entre a classe política, de deixar a lei engavetada pós eleição. Está lá, apodrecendo e não será mais tratado, ao menos tão cedo.
 
A reação dos profissionais que se viram usados e abusados pelos políticos, enquanto esteve dentro da lei, mereceu todo o apoio da população. Quando uma parte importante da turma da segurança passou para a ilegalidade, praticando atos de violência, atacando viaturas, ameaçando a população e deixando-a à mercê de todos os criminosos, alguns parlamentares cometeram o pecado mortal de anistiá-los. Foi um incentivo claro à baderna. A presidente Dilma Rousseff, que poderia ter vetado, correu a assinar o absurdo. Muitos PMs, policiais civis e bombeiros serão punidos, enfim. Mas muitos dos malandros de colarinho branco, que legislam em causa própria e sempre ignoram os anseios da sociedade, esses certamente serão reeleitos e reeleitos. É a sina do Brasil: conviver com grande parte do que de pior a sociedade pode produzir, representando seu povo lá no seu Congresso.

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