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‘Greve de militar é inadmissível’, afirma desembargador


POR FLAVIO ARAÚJO
Rio -  Ameaças terroristas na Bahia e politização do movimento no Rio desacreditaram as greves de policiais e bombeiros na opinião do desembargador aposentado Wálter Maierovitch. Ele acredita que a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 300 pode mudar o cenário no País. A greve do Rio foi suspensa na noite desta segunda-feira.
O DIA: O flagrante de líderes do movimento baiano ameaçando incendiar caminhões desmoralizou os grevistas?

MAIEROVITCH: Sem dúvida. As gravações mostrando líderes falando em métodos terroristas tiveram impacto muito negativo para eles.
Foto: Banco de Imagens
Foto: Banco de Imagens
A tática terrorista se assemelha com uma prática comum dos milicianos do Rio, que mandam assaltar comércios para depois venderem ‘segurança’?

Isso é muito comum na máfia. Na Itália se chama ‘pizzo’, ou seja, difundir medo e pressionar estado e sociedade.

E o bombeiro Daciolo sugerindo que manifestantes reagissem com o coro ‘Fora, Cabral!’, caso o governo propusesse R$ 4 mil de salário?

É a politização do movimento, mas governo reagiu com mais inteligência do que na prisão de 439 bombeiros em 2011. Aumentou salários, prendeu lideranças e não fez ameaças.

O fato de a Polícia Civil ter sido representada por dois sindicatos atrapalhou o movimento?

Vejo oportunismo em todo o movimento. Decretar greve às vésperas do Carnaval foi um abuso com a população.

O que acha dessas transferências de batalhões e mudanças no trâmite para expulsar policiais militares e bombeiros?
O governo vai reagir até onde a lei permitir. Como disse, a estratégia de reação foi bem planejada.
E o fato de levar os líderes para Bangu 1?

Também é uma boa estratégia, pois os separa de outros possíveis detidos. A greve de militares é algo inadmissível. Agentes da Lei ignoram a Constituição. Esse pessoal precisa ter a cultura mudada já em sua formação acadêmica com educação sobre a legalidade democrática e a ordem constitucional.
E eles têm alternativa?

Claro. Movimentos reivindicatórios têm outras formas de se manifestar, como as redes sociais da Internet.
As greves de militares ‘rasgam’ a Constituição, mas também não o fazem os governos quando não pagam bem ao servidor público?
A ética ambígua dos partido políticos é a primeira a 'rasgar' a Constituição. Empurram a votação da PEC 300 desde 2008 e, com isso, fazem o jogo do crime organizado, para o qual não interessa que os policiais ganhem bem.
Policiais reclamam de baixa remuneração, mas médicos e professores também dizem o mesmo. É mais fácil explorar politicamente a insatisfação dos militares?

Há um fenômeno mundial de medo. O lucro do crime organizado cresce 40% ao ano, segundo a ONU. Parte do sistema financeiro internacional é usado para a lavagem de dinheiro. Com esse poder corruptor, cabe ao estado capacitar o policial para não ser cooptado.
Greve é suspensa até o Carnaval
Bombeiros e PMs suspenderam a greve até acabar o Carnaval. O movimento volta a se reunir após a folia para decidir se retoma a paralisação. A Polícia Civil já havia suspendido participação na greve sábado.
O Instituto de Segurança Pública constatou que, em um dia de greve, houve queda de 47,8% nos registros e de mais de 70% nos roubos de rua, devido à dificuldade de atendimento nas delegacias. Roubo de carros, porém, aumentou 109%.
A Secretaria de Segurança disse que os dados são amostragem e não levam em conta se têm relação com áreas onde a greve teve maior adesão.

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