Atentado contra agente penitenciário revela problemas da categoria em MS, diz sindicato

Eliane Souza


O baleamento do agente penitenciário Hudson Moura da Silva, 34 anos, na madrugada da segunda-feira (31), na porta do presídio de regime semi-aberto, na Vila Sobrinho, em Campo Grande, é mais uma prova da constante exposição que a categoria vive em Mato Grosso do Sul, segundo o presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários de MS, Fernando Ferreira Anunciação.

Apenas Hudson e mais um agente eram os responsáveis pelo controle no presídio na madrugada do fato. O colega fazia anotações de quem estava deixando a unidade para trabalhar e Hudson foi até o portão abrir para que um preso saísse.

Foi neste momento que um homem armado fez um disparo no tórax e depois outro no ombro do agente. O atirador e o comparsa fugiram numa motocicleta e até esta terça não foram localizados. O relato é da própria vítima que conversou rapidamente com Anunciação antes de passar por cirurgia para retirada da bala que ficou alojada em seu peito, na Santa Casa de Campo Grande.

Anunciação afirma que o atentado contra o servidor estadual revela para a sociedade parte de uma realidade difícil da profissão de agente penitenciário que, sequer, é regulamentada e por consequência não faz parte do quadro da segurança pública.

A categoria defende no Congresso Nacional a criação da Polícia Penal, por meio de uma Proposta de Emenda Constitucional, denominada PEC 308/04. “Temos conhecimento de ameaças diárias que os agentes penitenciários recebem quando impõe disciplina ou flagram alguma irregularidade dentro de presídio. Nossa situação é caótica.

Um episódio recente de ameaça contra um agente penitenciário, segundo Fernando Anunciação, aconteceu na tarde desta segunda-feira no Presídio de Trânsito em Campo Grande (Ptran) quando um servidor percebeu que os presos estavam com um celular na cela. Ele pediu o aparelho e na recusa a Companhia de Gerenciamento de Crises e Operações Especiais (Cigcoe) foi acionada.

Hudson também já havia recebido ameaças, inclusive em nota oficial sobre o atentado que ele sofreu nesta segunda-feira a própria Agência Penitenciária Estadual (Agepen) confirmou o fato, mas sem detalhar quem seriam os autores ou facção e quais os motivos. Entre os colegas de trabalho, Hudson é apontado como funcionário exemplar e muito provavelmente o atentado esteja ligado diretamente com sua profissão.

Segundo Anunciação, além de conviver com ameaças de morte, os agentes penitenciários não recebem um mínimo de condições para trabalhar como, por exemplo, coletes, não possuem carteiras de identificação profissional ou estão vencidas há meses e ainda enfrentam um déficit de aproximadamente 70% no número de agentes penitenciários que seriam necessários para atender as unidades penais. “Só para ter uma idéia, há dez anos éramos em 1290 servidores.

Hoje com mais unidades prisionais e maior massa carcerária continuamos com os mesmos 1290”.

Local do fato


O presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários protesta que a recém inaugurada unidade de regime semi-aberto na Vila Sobrinho recebeu câmeras de segurança na tarde desta segunda-feira, depois do atentado contra Hudson, ou seja, depois que um ataque aconteceu.
“É mais do óbvio que um presídio, independente de que regime seja, primeiro seja totalmente equipado para depois ser inaugurado. Aquilo lá não tem cara de presídio, parece um campo de concentração sem divisórias cheio de camas beliche”, diz.

Preocupação


Hudson passou pela intervenção cirúrgica para retirada da bala, numa cirurgia que demorou aproximadamente quatro horas, conforme informações repassadas pela assessoria de imprensa da Santa Casa. Por falta de vaga no Centro de Tratamento Intensivo (CTI) ele permanece em coma induzido no próprio centro cirúrgico aguardando vaga.

“Nós e a família estamos muito preocupados com a situação dele, pois embora estável, a situação é grave. Ele pesa mais de 140 quilos, possui uma massa muscular muito grande e isto pode trazer muitas complicações como uma infecção generalizada”, revela Anunciação.

Fonte: MIDIAMAX

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