O problema está nos gestores

Abaixo segue, para reflexão, um texto adaptado do grande administrador americano James  C. Hunter:


Iniciei minha carreira na área de recursos humanos há 25 anos.
Meu território era a área em que nasci e fui criado: Detroit, também
conhecida como a “Cidade do Carro”, berço do movimento
trabalhista nos Estados Unidos e ainda hoje um lugar em que as
relações de trabalho são difíceis.
Quando faltava pouco para chegar aos trinta anos, deixei a
empresa em que era diretor de pessoal e me tornei um consultor
independente na área trabalhista. Lidava com campanhas de organização
sindical, greves, violência, sabotagem, programas de
incentivo, baixa produtividade, elevado número de faltas e rotatividade
excessiva.
No início, eu me sentia intimidado ao negociar com poderosos
presidentes de empresas. Arrogantes, eles começavam, de um
modo geral, a conversa com a seguinte declaração:
– Temos alguns problemas muito sérios aqui.
Ansioso para agradar meus clientes, eu acenava com a cabeça em
concordância, enquanto espiava pela janela os violentos conflitos
que aconteciam no pátio da fábrica.
– Posso imaginar, senhor – eu respondia, tentando parecer confiante
e seguro. – Parece que temos mesmo alguns problemas aqui.
Acho que devemos começar por...
Como se não ouvissem uma só palavra do que eu dizia, eles logo
me interrompiam:
– Vou explicar o que precisamos fazer aqui.
E acrescentavam:
– Nosso problema é um agitador chamado Sargento Vieira, que preside uma associação. Ele vive distribuindo formulários para filiação
Dos funcionários. Se dermos um jeito para que ele se cale, nossos problemas
estarão resolvidos, todos aqui ficarão felizes e retomaremos
as atividades normais.
Esses egomaníacos já tinham tudo previsto. Não dava para
entender por que haviam me chamado.
Sargento Vieira da Amese, Norma do depósito ou Bill do serviço
de atendimento aos clientes. Descobri que todas as empresas pareciam
ter um “Sargento Vieira da Amese” que precisava ser neutralizado.
O pior é que eu acreditava nisso!
Passei várias temporadas tentando silenciar os “Sargentos Vieiras” da vida.
Mas, com o passar do tempo, cheguei à conclusão de que ele não
era o culpado. Ao contrário. Em geral, era o único que falava a verdade!
Passei a falar com Viera logo no primeiro dia para saber o
que de fato estava acontecendo.
Aos poucos fui percebendo que era necessário tratar do problema,
não dos sintomas. O difícil era ter coragem de dizer ao líder que
ele era o problema. Como vocês podem imaginar, não foram poucos
os contratos que perdi por causa dessas conversas.
O maior indicador de saúde ou doença organizacional está na
liderança ou em sua ausência. Tenho observado que existe uma
semelhança entre empresas saudáveis e empresas doentes, casamentos saudáveis e casamentos doentes, igrejas saudáveis e igrejas
doentes. E a semelhança está na liderança.
Nessa época, decidi parar de tentar consertar os sintomas e
começar a focalizar a raiz do problema. Venho, desde então, ensinando
os princípios da liderança servidora: “O líder é o responsável
pelo crescimento e declínio de qualquer coisa”, ou “Tudo
começa no topo”, ou ainda “Não há equipes fracas, apenas líderes
fracos”.
Será que há algum fundo de verdade nesses velhos clichês?

capitão mano

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