Aprovem a PEC 300

JM Cunha Santos
(jmcunhasantos.blogspot.com)

Por trás do que alguns descontentes com o combate ao tráfico chamam de show de pirotecnia, as ações armadas que sufocam os traficantes do Rio de Janeiro, com amplo apoio da população, estão policiais que são pais de família, arriscam suas vidas no dia a dia e não podem estar felizes ou mesmo tranquilos. Ninguém pode estar feliz ganhando R$ 30 por dia para comer, vestir, calçar, educar e tratar da saúde de toda uma família. Sem contar que os “soldados” mais rasos do tráfico ganham isso por hora, alguns até mais.
A população do Brasil inteiro está apoiando a polícia e isto é muito bom para as relações do Estado com a sociedade. Estamos distantes ainda da confiança que os britânicos devotam a seus policiais, mas se o povo brasileiro, que viveu duas ditaduras violentas, deixa de ter medo da polícia e quer a sua presença, já é um grande passo na direção de que a democracia vingue de fato e de direito neste país.
Viver em uma favela do Brasil, dominada por grupos rivais de traficantes que trocam tiros dia e noite a qualquer hora do dia ou sob o peso da extorsão de milícias e grupos de extermínio, sob a mira de balas perdidas, entre homens armados de pistolas, escopetas, fuzis e metralhadoras, em meio a execuções sumárias, torturas, penas de morte sem julgamento, é viver em uma sucursal do inferno. Sem poder dormir, sem ter direito a passear e sufocado pelo pânico constante. Sem contar que o crime organizado patrocina também o extermínio da família brasileira, pois dificilmente se encontrará, hoje, uma residência em que não habite pelo menos um dependente químico - uma gente liquidada, deprimida, ansiosa, destruída física, espiritual e emocionalmente. Enquanto isso, os chefões do tráfico vivem como nababos, em mansões esterilizadas, cercadas de jardins de inverno e pistoleiros, piscinas, banheiras de hidromassagem, carros importados, helicópteros etc. A juventude morre e os policiais passam fome.
Queiram ou não queiram, porque obedecem, de fato, ao que determina a hierarquia, são os policiais e somente eles que combatem o crime organizado que é, afinal de contas, o maior flagelo desta Nação pelo que representa em termos de extermínio da juventude do país, pelas contas astronômicas da saúde pública, pelos desvios nos sistemas estaduais de educação.
Estes homens precisam ser pagos pelo menos com o que lhes garanta uma vida digna, não com essa miséria mensal que um dependente químico rico consome de drogas em algumas horas. No entanto, o Brasil não paga a seus policiais nem o necessário para comer como gente, que ninguém consegue comer como gente ganhando R$ 900,00 por mês. Policial, no Brasil, não tem direito sequer a um Piso Nacional de Salário. É de estarrecer.
O Congresso Nacional deve se unir à voz uníssona da Nação e aprovar imediatamente a PEC 300 que unifica os salários destes agentes públicos. E não porque são os heróis do momento, ou porque desmantelaram o crime organizado em algumas favelas do país. Mas porque são seres humanos, têm mulheres e filhos e porque sempre que um policial se corrompe alguém, em algum lugar, com ou sem culpa, corre sério risco de vida.

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